terça-feira, 23 de março de 2021

A gestão do presidente Manuel França Campos em 1950


MANUEL FRANÇA CAMPOS
Mandato 1950/51. Era presidente da Caixa Econômica Federal e foi candidato único no pleito de 28 de novembro de 1949. Além da eleição, também foi votada a proposta do ex-presidente Oswaldo Pinto Coelho de extinguir o regime profissional do plantel de futebol, devido a grave crise financeira que o clube atravessava. A proposta foi rejeitada pelos conselheiros.
A diretoria foi empossada em 11 de dezembro de 1949: Manuel França Campos (presidente), Mario Grosso (1o vice-presidente), Britaldo Silveira Soares (2o vice presidente), Mário Tornelli (tesoureiro), Jerônimo Côrtes Real (presidente do conselho), Sebastião Lago (consultor jurídico), Sebastião Campos (diretor).
Durante a gestão de Manuel França Campos, o clube passou por uma grave crise financeira. Os salários dos atletas sofreram atrasos de três meses. Após ser eleito deputado estadual, pelo Partido Social Democrático-PSD, com 9.138 votos, nas eleições de 1950, ele licenciou-se do cargo de presidente, em 8 de novembro de 1950, até o fim do mandato. Deixou o clube com um déficit mensal de Cr$ 25 mil.

Carta branca para Mario Grosso
A gestão de Manuel França Campos foi marcada pelas medidas drásticas tomadas pelo vice-presidente Mario Grosso (que foi presidente do clube entre 1942/47). Grosso dispensou os atletas Naninho, Bibi, Ronaldo, Charlô, Orlando, Bororó e Trança e contrariou várias correntes dentro do clube. Em 4 de janeiro de 1950, ele renunciou ao cargo devido aos cornetas (diretores, conselheiros e sócios) que, segundo ele, "só querem tumultuar o ambiente". Britaldo Soares o acompanhou e Grosso pediu que o presidente Manuel França também renunciasse.
A crise foi contornada e Grosso seguiu tomando suas medidas. Ele decidiu não contratar nenhum técnico e promoveu o ex-médio direito Souza, que estava dirigindo o time do Raposão (masters do Cruzeiro) para o cargo de técnico do time profissional, em 9 de janeiro de 1950. O quadro de juvenis foi promovido para o quadro de aspirantes: Ildeu, Gute, Tote, Ábramo, Mussi, Ari, Chiquinho, Alcides, Tam, Tide e Sultão. Em 20 de janeiro, os atletas juvenis do Cruzeiro que estavam emprestados ao Paisandu (que tinha o departamento de futebol anexado pelo Cruzeiro), passariam a integrar o novo time juvenil do clube: Bernard, Roque, Mussi Ari, Chiquinho e Tam, incluindo o técnico Christovam Colombo. Também ficou programado vários amistosos pelo interior em troca de cachês.

Reforma no estádio
A crise financeira que o clube atravessava foi provocada pela demolição das arquibancadas sociais do estádio do Barro Preto deixando-a sem abrigo. A obra havia sido feita na gestão de Antônio Alves Limões. Em 3 de abril de 1950, foi discutida a reforma da cobertura da arquibancada social. Alfredo de Paoli foi o responsável pelos estudos. 

Relatório financeiro
Mário Grosso divulgou um relatório, em 18 de abril de 1950, que concluiu que os esportes especializados eram deficitários e que o clube não mais participaria das competições de ciclismo, atletismo, natação e vôlei, apenas futebol e basquete. Os departamentos especializados continuariam existindo apenas como recreação. Grosso aproveitou para protestar contra a Diretoria de Esportes do Governo do Estado que não dava a assistência devida, já que a verba da Loteria Mineira prometida aos clubes não era repassada.

Ciclismo
Apesar da medida, sob a batuta do chefe do departamento de ciclismo, Armênio, o atleta José de Abreu sagrou-se campeão da cidade (venceu 6 das 12 provas da Federação) de ciclismo e o Cruzeiro foi vice-campeão de 1950 por equipes

Uniforme branco e números nas costas
Outra medida tomada pela diretoria foi a criação do uniforme número dois - camisa e meias brancas e o calção azul. A estreia foi no amistoso contra o Sete, em 20 de abril, no Barro Preto. Seria utilizado nas partidas noturnas, devido aos deficientes sistemas de iluminação dos estádios. No entanto, a empresa que confeccionou o uniforme não enviou os calções azuis e o time passou a usar o calção branco do uniforme número 1 e assim permaneceu. Por exigência da FIFA as camisas também passaram a ser numeradas a partir do início do Campeonato da Cidade.

A primeira baixa
O tesoureiro Mario Tornelli renunciou ao cargo em 3 de julho. Somente três meses depois, em 11 de setembro, é que os salários dos atletas seriam colocados em dia.

Entrega dos pontos
A situação no clube estava tão grave que o clube pretendia fazer a entrega dos pontos para o Siderúrgica pelo Campeonato de aspirantes para evitar despesas. O time já não tinha mais pretensões no Campeonato e não queria levar o plantel aspirante que faria a preliminar dos times principais em Sabará. No entanto, devido as mudanças no código de futebol que passou a multar os times que não comparecessem em partidas oficiais, acabou levando o time aspirante que venceu por 2 a 0.

Mario Grosso presidente em exercício
Em 7 de novembro de 1950, o vice-presidente Mário Grosso, que exercia a presidência em exercício, enviou um parecer para análise do conselho propondo a extinção do regime profissional no plantel de futebol (Améríca e Metalusina também discutiam a mesma questão no período) e a venda de todo o quadro profissional promovendo todo o time juvenil que passaria a representar a equipe principal. Em 8 e 14 de novembro, o parecer foi aprovado, mas acabou vencido pela opinião de uma outra corrente no clube que optava pela padronização dos vencimentos na base do salário mínimo e a contratação de atletas baratos. O Metalusina de Barão de Cocais (MG) adotou a mesma medida.  

Impostos da Prefeitura
Em 14 de novembro, a prefeitura que havia suspendido a cobrança de impostos, a partir de setembro,  ameaçou executar os clubes judicialmente. 

Corrupção na Federação Mineira
Em 30 de novembro, o Cruzeiro participou de um movimento que denunciava desvios de verbas na Federação Mineira. A entidade havia recebido Cr$ 100 mil do governo estadual para a organização do Campeonato do Interior e ninguém soube explicar onde foi empregado o recurso. A entidade também havia arquivado processos contra funcionários envolvidos em desvio de rendas das partidas. 

Desmanche da diretoria
Em 30 de novembro, os atletas juvenis receberem contrato para ganhar salário padrão de Cr$ 400,00. Era o início da execução do plano de Mário Grosso. A equipe de 1950 foi considerada cara em relação aos times passados e foi um fracasso. Terminou o Campeonato da Cidade dividindo a terceira colocação com o América (o Atlético foi o campeão e o Siderúrgica o vice). Com a missão cumprida, Mario Grosso, Britaldo Soares e Sebastião Lago renunciaram. Jerônimo Côrtes Real passou a ser o presidente em exercício e Cândido Mares Neto substituiu Lago. Uma nova eleição foi marcada para 28 de dezembro e Divino Ramos foi eleito o novo presidente.

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