GIL. Ponta direita. Gilberto Alves (Nova Lima, MG, 24/12/1950). Disputou 19 partidas oficiais e marcou 3 gols entre 1970/71, além de 4 amistosos.
Surgiu no infantil do Cruzeiro na posição de centroavante, onde sagrou-se campeão mineiro de 1967. Tornou-se profissional em 1970 e integrou o mistão do Cruzeiro que disputou amistosos e jogos-treinos pelo Nordeste. Em agosto integrou o time reserva escalado nas 6 últimas rodadas do Campeonato Mineiro, enquanto os titulares excursionaram a Venezuela e ao Amazonas. As partidas serviram apenas para cumprir tabela, já que o time não tinha mais chances de chegar ao título.
Mistão na Taça Belo Horizonte
Em janeiro de 1971, Cruzeiro e Atlético solicitaram uma permissão da Federação Mineira para utilizarem seus aspirantes na disputa da Taça Belo Horizonte. Era segunda edição do torneio que foi criado para anteceder o Campeonato Estadual e que tinha todas as partidas disputadas em Belo Horizonte. A Federação Mineira acatou o pedido para que o Atlético focasse apenas na disputa do Torneio do Povo - criado pelo CND - e para que o Cruzeiro pudesse atender aos convites para a disputa de amistosos no exterior no período de disputa da Taça Belo Horizonte. Naquele ano, o Cruzeiro tinha em seu elenco quatro campeões mundiais de 1970 pela Seleção Brasileira (Tostão, Piazza, Fontana e Brito) e, por isso, recebia muitas propostas de empresários interessados em levar o time para amistosos em vários países com contratos que previam pagamentos em dólar. Em 1971 a moeda estadunidense valia quase 6 vezes mais do que a moeda brasileira. Sem contar que as despesas eram todas pagas pelos promotores dos amistosos. Assim, cada amistoso desse chegava a somar a parte que cabia ao clube das rendas de 8 partidas do Estadual.
O mistão do Cruzeiro terminou a disputa da Taça Belo Horizonte como 3o colocado e o ponta direita Gil, entrou no decorrer de 2 partidas. A taça se encerrou em março e, durante este período, os titulares fizeram 11 amistosos pelo Uruguai, Argentina, Bolívia, Colômbia e Peru. O time misto contou, em algumas partidas, com alguns nomes consagrados como o goleiro Hélio, o lateral direito Pedro Paulo e os atacantes Evaldo, Natal e Rodrigues e outros que ainda buscavam espaço no time e que se consagrariam anos depois como o zagueiro Darci Menezes, o meia Eduardo e o atacante Palhinha.
Misto Quente no Campeonato Mineiro e Cruzeiro Exportação
Após o término da Taça Belo Horizonte de 1971, o ponta direita Gil participou de mais um momento histórico do Cruzeiro e do Campeonato Mineiro. O Cruzeiro continuou recebendo propostas vantajosas, com contratos em dólar, para o time se apresentar em outros países e não queria perder a oportunidade, pois tinha que fazer caixa para manter os salários dos craques do time, como Dirceu Lopes, Zé Carlos, Piazza, Fontana, Perfumo, Tostão e Raul, que eram, constantemente, cobiçados pelos clubes do eixo Rio-São Paulo. O presidente do Cruzeiro Felício Brandi reclamava do deficitário Campeonato Mineiro e decidiu escalar o mistão que disputou a Taça Belo Horizonte no Estadual. Foi uma iniciativa sem precedentes no Campeonato Mineiro que, naquela época, era um título muito valorizado. Os titulares passariam a atuar nos amistosos pelo Brasil e, principalmente, no exterior. A medida dividiu opiniões e foi recebida com protestos por parte dos clubes do interior que se viram prejudicados com a diminuição das rendas das partidas. Por outro lado, Felício Brandi se defendia e dizia que estava colaborando com o ministro da fazenda, Delfim Neto, que incentivava as exportações brasileiras. Felício argumentou que o futebol era o produto do Cruzeiro e que o clube iria colaborar com a economia do país. Foi a partir daí, que o clube ganhou o apelido de "Cruzeiro Exportação" que permaneceu no linguajar da torcida cruzeirense até o final dos anos 80. O time misto realizou uma campanha surpreendente no Campeonato Mineiro e que rendeu o apelido de "Misto Quente". Enquanto isso, os titulares disputaram 7 amistosos pela Colômbia, Costa Rica, Honduras, Guatemala, El Salvador e Panamá, além de um torneio amistoso com dois amistosos na Bahia. Quando os titulares estavam no Panamá, a diretoria cruzeirense recebeu uma intimação do Conselho Nacional do Desporto para que retornassem ao Brasil e disputassem o Campeonato Mineiro sob a ameaça do clube ser penalizado de exclusão do próximo Campeonato Brasileiro. Assim, o clube teve que cancelar à excursão que faria a Ásia e os titulares retornaram. O misto quente foi desfeito, após a 10a rodada do turno - antes da rodada final contra o Atlético. Terminou a campanha na 2a colocação do Estadual, com 2 pontos atrás do líder América e 4 pontos de vantagem sobre o 3o colocado, o Atlético. O ponta direita Gil entrou no decorrer de quase todas as partidas. Mesmo com a volta do time titular na disputa do Estadual, Gil foi aproveitado em outras 4 partidas do returno. Após o término do Estadual foi emprestado ao Uberlândia, em julho, junto com Crésio de Aloísio.
Em 1972 foi emprestado ao Monterrey do México, junto com Ananias (o Luiz Fábio), Zé Maria e Aloísio. Quando retornou foi informado pelo treinador Yustrich que deveria arranjar um clube, pois não conseguiria lugar no time. Passou dificuldades e recebeu ajuda do zagueiro Fontana que lhe dava dinheiro. Conseguiu o passe livre em 1973 e se transferiu para o Villa Nova.
Em 1978 quando atuou pelo Fluminense disputou a Copa do Mundo pela Seleção Brasileira e tornou-se nacionalmente conhecido como o Búfalo Gil.
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