domingo, 5 de fevereiro de 2023

JOÃO RIBEIRO - centroavante do Cruzeiro Campeão Mineiro de 1972


JOÃO RIBEIRO.
 Centro avante. João Batista Barbosa Ribeiro (Pará de Minas, MG, 29/05/1949). Disputou 53 partidas oficiais e marcou 20 gols entre 1970/72, além de 20 amistosos em que marcou 9 gols. Campeão Mineiro de 1972. Artilheiro da Taça Belo Horizonte de 1971 com 5 gols.
Surgiu no juvenil do Cruzeiro. Suas primeiras chances no time profissional surgiram em 1970. Em maio integrou o mistão do Cruzeiro que excursionou ao nordeste disputando amistosos. Também integrou o time reserva escalado nas 6 últimas rodadas do Campeonato Mineiro, enquanto os titulares excursionaram a Venezuela e ao Amazonas. As partidas serviram apenas para cumprir tabela, já que o time não tinha mais chances de chegar ao título. Foi aproveitado em 3 partidas da primeira fase do Campeonato Brasileiro.

Mistão na Taça Belo Horizonte
Em janeiro de 1971, Cruzeiro e Atlético solicitaram uma permissão da Federação Mineira para utilizarem seus aspirantes na disputa da Taça Belo Horizonte. Era segunda edição do torneio que foi criado para anteceder o Campeonato Estadual e que tinha todas as partidas disputadas em Belo Horizonte. A Federação Mineira acatou o pedido para que o Atlético focasse apenas na disputa do Torneio do Povo - criado pelo CND - e para que o Cruzeiro pudesse atender aos convites para a disputa de amistosos no exterior no período de disputa da Taça Belo Horizonte. Naquele ano, o Cruzeiro tinha em seu elenco quatro campeões mundiais de 1970 pela Seleção Brasileira (Tostão, Piazza, Fontana e Brito) e, por isso, recebia muitas propostas de empresários interessados em levar o time para amistosos em vários países com contratos que previam pagamentos em dólar. Em 1971 a moeda estadunidense valia quase 6 vezes mais do que a moeda brasileira. Sem contar que as despesas eram todas pagas pelos promotores dos amistosos. Assim, cada amistoso desse chegava a somar a parte que cabia ao clube das rendas de 8 partidas do Estadual. 
O mistão do Cruzeiro terminou a disputa da Taça Belo Horizonte como 3o colocado e o atacante João Ribeiro, além de disputar todas as 5 partidas, também se consagrou como o goleador máximo do torneio com 5 gols marcados. A taça se encerrou em março e, durante este período, os titulares fizeram 11 amistosos pelo Uruguai, Argentina, Bolívia, Colômbia e Peru. O time misto contou, em algumas partidas, com alguns nomes consagrados como o goleiro Hélio, o lateral direito Pedro Paulo e os atacantes Evaldo, Natal e Rodrigues e outros que ainda buscavam espaço no time e que se consagrariam anos depois como o zagueiro Darci Menezes, o meia Eduardo e o atacante Palhinha, além do ponta direita Gil que disputaria a Copa do Mundo de 1978, como  titular da Seleção Brasileira e atendendo pela alcunha de "Búfalo Gil".

Misto Quente no Campeonato Mineiro e Cruzeiro Exportação no exterior
Após o término da Taça Belo Horizonte de 1971, o atacante João Ribeiro participou de um momento histórico do clube e do Campeonato Mineiro. As propostas vantajosas, com contratos em dólar, para o time se apresentar em outros países continuavam chegando e a diretoria cruzeirense não queria perder a oportunidade, pois tinha que fazer caixa para manter os salários dos craques do time, como Dirceu Lopes, Zé Carlos, Piazza, Fontana, Perfumo, Tostão e Raul, que eram, constantemente, cobiçados pelos clubes do eixo Rio-São Paulo. O presidente do Cruzeiro Felício Brandi reclamava do deficitário Campeonato Mineiro e decidiu escalar o mistão que disputou a Taça Belo Horizonte no Estadual. Foi uma iniciativa sem precedentes no Campeonato Mineiro que, naquela época, era um título muito valorizado. Os titulares passariam a atuar nos amistosos pelo Brasil e, principalmente, no exterior. A medida dividiu opiniões e foi recebida com protestos por parte dos clubes do interior que se viram prejudicados com a diminuição das rendas das partidas. Por outro lado, Felício Brandi se defendia e dizia que estava colaborando com o ministro da fazenda, Delfim Neto, que incentivava as exportações brasileiras e até criou o slogan "Exportar, é a libertação". Felício argumentou que o futebol era o produto do Cruzeiro e que o clube iria colaborar com a economia do país. Foi a partir daí, que o clube ganhou o apelido de "Cruzeiro Exportação" que permaneceu no linguajar da torcida cruzeirense até o final dos anos 80. O time misto realizou uma campanha surpreendente no Estadual que rendeu o apelido de "Misto Quente". Enquanto isso, os titulares disputaram 7 amistosos pela Colômbia, Costa Rica, Honduras, Guatemala, El Salvador e Panamá, além de um torneio amistoso com dois amistosos na Bahia. Com a moral de ter sido o goleador da Taça BH, o atacante João Ribeiro participou das duas equipes. Foi aproveitado no "Cruzeiro Exportação" nos amistosos pelo exterior e nas partidas pelo time misto no Estadual, onde formou o trio de ataque com Palhinha e Rodrigues. 

Titulares do Cruzeiro obrigados a voltar ao Brasil
Quando estava no Panamá, em 17 de abril, o time cruzeirense recebeu uma ordem do Conselho Nacional do Desporto-CND para retornar ao Brasil para disputar o Campeonato Mineiro com o time principal. O órgão, que era ligado ao governo federal, ameaçou suspender a participação do clube no Campeonato Brasileiro, caso não atendesse a ordem. Corrigidos os valores para o dólar atual, o Cruzeiro faturou 256 mil dólares nos 16 amistosos pelo exterior. Convertidos para a frágil moeda brasileira da época, seriam necessários mais do que dois estaduais inteiros para atingir esta receita. Assim, o Cruzeiro teve que cancelar à excursão que faria a Ásia e os titulares retornaram. O misto quente foi desfeito, após a 10a rodada do turno do Campeonato Mineiro - antes da rodada final contra o Atlético. Terminou a campanha na 2a colocação do Estadual, com 2 pontos atrás do líder América e 4 pontos de vantagem sobre o 3o colocado, o Atlético.

Chances como titular no Brasileirão
No Campeonato Brasileiro, João Ribeiro assumiu o posto de titular, após o time perder Evaldo e Roberto Batata por lesões. 

A volta ao mundo em 70 dias do Cruzeiro Exportação
João Ribeiro, ainda participou de outro momento histórico do Cruzeiro quando, em janeiro de 1972, o time se ausentou do Brasil por 70 dias e disputou 18 amistosos na Ásia, Oceania e América do Norte. Como a partida de estreia do Cruzeiro no Campeonato Mineiro estava marcada para 30 de março, a diretoria do clube acertou com empresários um giro pelo mundo. Sem um treino sequer, no dia que os atletas retornaram de férias, em 14 de janeiro, a delegação cruzeirense se apresentou no aeroporto da Pampulha, e embarcou para a viagem. O time só retornou no dia 19 de março com um lucro de quase um milhão no cofre. O atacante João Ribeiro participou de 7 destes amistosos e marcou 3 gols. 

Durante as primeiras rodadas do Campeonato Mineiro, o atacante Tostão estava de saída do clube e o atacante uruguaio Repetto - contratado dias antes da excursão - não pode ser inscrito no Estadual, porque se permitia apenas um estrangeiro por equipe e o clube já tinha o argentino Perfumo. Com isso abriu-se uma nova vaga no ataque. No entanto, o técnico Yustrich, que assumiu o comando do time no lugar de Orlando Fantoni, optou por escalar Palhinha como titular e João Ribeiro passou a entrar no decorrer de algumas partidas da campanha do título Estadual de 1972. No segundo semestre também foi aproveitado como reserva imediato do setor de ataque no Campeonato Brasileiro.
Em janeiro de 1973, foi emprestado ao Internacional. Foi tão bem no time gaúcho, que o Inter pagou Cr$ 250 mil, em janeiro de 1974, para ficar com João Ribeiro em definitivo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário