quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

PROCÓPIO - técnico da "Legião Estrangeira" do Cruzeiro de 1981


PROCOPIO
. Técnico, supervisor, diretor de futebol. Procópio Cardoso Neto (Salinas, MG, 21/3/1939). Disputou 25 partidas oficiais e 9 amistosos em suas duas passagens como técnico efetivo em 1981 e 1986, além de 7 partidas oficiais como interino em 1978.
Após sofrer uma lesão no joelho, durante o Campeonato Brasileiro de 1968, Procópio se afastou dos gramados e passou a dirigir o time juvenil do Cruzeiro em 1972. Foi sua primeira experiência como técnico. No entanto, acertou contrato de um ano como atleta em junho de 1973. Despediu-se da carreira de atleta, definitivamente, ao encerrar o contrato em junho. Passou a exercer o cargo de supervisor do clube.

Decisão do Estadual de 1977
Teve um papel fundamental na decisão do título estadual de 1977. O Cruzeiro havia perdido a primeira partida por 1-0 e necessitava vencer a segunda partida para forçar uma partida extra. Insatisfeito com o técnico Yustrich, o presidente Felício Brandi designou Procópio a preparar e escalar a equipe no restante das finais, enquanto Yustrich apenas assinaria a súmula. Fez modificações táticas e na escalação que deram certo. O time venceu a segunda partida e provocou a partida extra. Novamente, Felício manteve Procópio no comando técnico e o Cruzeiro superou o Atlético, na terceira partida, na prorrogação, e conquistou o Estadual que, para muitos, parecia perdido. Após a conquista retomou sua função de supervisor e Yustrich a de treinador.

Técnico Interino em 1978
Após Aymore Moreira deixar o Cruzeiro em 8/3/1978, Felício pretendia efetivar Procópio, ainda supervisor do clube, como técnico do time na disputa do Campeonato Brasileiro, mas uma corrente dentro do clube foi contrária a indicação. Então, Zé Duarte foi contratado. Em novembro de 1978, Zé Duarte quebrou uma das vértebras da coluna num acidente de carro. O acidente ocorreu antes da estreia do segundo turno. A recuperação de Zé Duarte levaria um mês e, então, o supervisor Procópio o substituiu interinamente. Comandou o time nas 7 primeiras rodadas e foram 7 vitórias. Devolveu o cargo a Zé Duarte com o time na liderança isolada com 14 pontos, dois a frente do América e 3 a frente do Atlético. Curiosamente, um mês depois, Procópio deixou o Cruzeiro e foi contratado como técnico para substituir Jorge Vieira, no quadrangular final do Campeonato Mineiro de 1978, que foi disputado entre fevereiro e março de 1979. Procópio e Zé Duarte, antes companheiros, tornaram-se adversários no mesmo estadual. Foi uma disputa acirrada e Procópio levou a melhor conquistando o título.

Legião Estrangeira
Retornou ao Cruzeiro, em 18/3/1981 - três dias após anunciar a sua saída do Atlético. Procópio teve uma passagem vitoriosa pelo alvinegro com a conquista do tricampeonato mineiro 1978/79/80. Veio substituir o técnico Cláudio Garcia, que deixou o Cruzeiro, após a goleada vexatória por 5-1 para o Operário (MS), na segunda fase do Campeonato Brasileiro. Procópio assumiu o time no returno da segunda fase, que era formada por grupos com quatro equipes cada. Conseguiu duas vitórias contra Ferroviário (CE) e Náutico, mas uma derrota por 3-1, novamente, para o Operário e, desta vez, dentro do Mineirão, eliminou o time do Campeonato Brasileiro.
A partir de abril, a diretoria do Cruzeiro decidiu promover contratações visando a disputa do Campeonato Mineiro de 1981 e resultou em um momento histórico do clube. Contratou vários atletas com origem em outros estados como Vagner Bacharel, Gasperin, Remi, Eudes, Abel, Carioca, Jair e Jacinto que, somados aos que foram contratados em janeiro, como Toninho e Zé Henrique, formaram, pela primeira vez na história do clube, um elenco com a minoria de atletas mineiros. O Cruzeiro rompeu uma tradição de 60 anos. O time formado para o Campeonato Mineiro de 1981 passou a ser chamado de "Legião Estrangeira".

Falta de entrosamento
A primeira passagem de Procópio durou pouco mais do que três meses. Em 24/6/1981, três dias após uma derrota para o Uberlândia, ainda no turno da Primeira Fase, Procópio desabafou sobre o atraso dos salários e das premiações dos atletas. Em 3/7/1981, suspendeu o coletivo de preparação para a partida contra o Valerio. Isto porque Luiz Antônio, Nelinho, Marquinhos, Eduardo e Jair foram afastados por lesão, além de Toninho e Edmar, suspensos. Daí, o time empatou com  o Valerio, no Mineirão. Em 8/7/1981, três dias após o empate, ameaçou deixar o cargo por conta da "desorganização e falta de condições de trabalho existentes." A gota d'água foi o cancelamento do treino programado contra os juniores que não puderam comparecer. Acusou o supervisor Ary da Frota Cruz de não atender a sua solicitação. "A cada dia que passo fico mais desiludido, pois, em vez de melhorar, está piorando a situação no clube. Não há o menor entrosamento dentro do Cruzeiro e nem condições de trabalho. Vim para ajudar meu amigo Felício Brandi (presidente do Cruzeiro), mas estes problemas estão me obrigando a pedir demissão". 
Anu deixar o cargo, na partida seguinte, contra a Caldense. "Só não fiz na quarta-feira porque esperei a definição do Atlético em contratar seu novo técnico (Carlos Alberto Silva no lugar de Pepe), porque senão pensariam que estaria querendo me transferir para o Galo". Pediu reforços, não foi atendido. Felicio marcou uma reunião para convencê-lo a ficar em 9/7/1981. 
Procópio deixou o cargo duas rodadas do fim do turno da primeira fase do Campeonato Mineiro. Deixou o time na 3a colocação, com 11 pontos, três a menos que o líder Atlético - que tinha um jogo a mais - e um ponto a menos que o Villa Nova. Procópio acertou sua transferência para o Al-Arabi  do Catar. 

Retorno em 1986
Sua segunda passagem como técnico efetivo do Cruzeiro foi em janeiro de 1986. Procópio havia deixado o Atlético, em junho de 1985, e participou do início da conquista do Estadual. Veio substituir Moraes que dirigiu o Cruzeiro em parte do Estadual de 1985. Neste retorno ao clube, as contratações de atletas de outros estados, como a Legião Estrangeira que ele dirigiu em 1981, continuaram a acontecer, porém, a torcida já começava a se acostumar. Entregou o cargo na 13a rodada do Primeiro Turno, após a derrota por 2 a 0 para o América. O time estava na 3a colocação com 18 pontos, 5 a menos que o líder Atlético e um ponto a menos que o Uberlândia. Deixou o Cruzeiro para retornar ao Catar e acertou contrato com o Al-Sadd.

Diretor de Futebol
Procopio ainda retornou ao Cruzeiro em 1999, onde exerceu por alguns meses o cargo de diretor de futebol do clube. Em janeiro de 2000, observou as partidas do Juventus de São Paulo na Copa São Paulo Sub20. No Juventus haviam vários atletas emprestados pelo Corinthians que ainda devia uma indenização ao Cruzeiro pela negociação do goleiro Dida. Foram oferecidos três atletas que o Cruzeior poderia escolher. O Juventus foi finalista e perdeu o título para o São Paulo. Procópio indicou o zagueiro Luisão, o meia Alê e o atacante Zé Roberto que foram contratados pelo Cruzeiro. 

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