quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

BRITO - zagueiro do Cruzeiro no Campeonato Brasileiro de 1970

BRITO. Zagueiro. Hércules Brito Ruas (Rio de Janeiro, RJ, 09/08/1939). Disputou 16 partidas oficiais entre 1970/71, além de 15 amistosos.
Após a saída de William no returno do Campeonato Estadual de 1967, a diretoria do Cruzeiro tentou encontrar um substituto. Por diferentes motivos as contratações causaram frustrações e a imprensa passou a tratar essa maré de azar do clube como "a maldição da camisa 2". O zagueiro Viktor não agradou, o zagueiro Eduardo ficou menos de um mês no clube, Ditão só causou problemas extra campo e Mario Tito não correspondeu. Então, a diretoria foi buscar Brito que estava em litígio no Flamengo. No entanto, ele foi a quinta tentativa frustrada de se contratar um camisa 2, já que não pode ficar por muito tempo, devido a interferência externa do presidente da CBD, João Havelange, que o tirou do Cruzeiro.
Veio por empréstimo do Flamengo, em setembro de 1970, após desentender-se com o técnico Yustrich, que o colocou na reserva, assim que ele retornou da Seleção Brasileira, após o título mundial no México. Sua chegada provocou uma iniciativa inédita na história do clube. Pela primeira vez, o Cruzeiro comunicou a Federação Mineira uma entrega dos pontos ao Atlético, já que pretendia escalar Brito - que não estava inscrito no Estadual. O alvinegro já havia confirmado o título estadual por antecipação e o clássico pela última rodada serviria para cumprir tabela. Com Brito como atração, foram vendidos mais de 60 mil ingressos para o clássico que terminou empatado em 1 a 1. 
Na estreia do Campeonato Brasileiro contra o Botafogo, Brito reviveu ao lado de Piazza, a formação da zaga da campanha do título mundial da Seleção Brasileira. No entanto, na maior parte do Brasileirão, ele formou dupla com Darci Menezes.
Ainda magoado com Yustrich vingou-se do técnico na partida contra o Flamengo, no Mineirão. Ele comemorou o terceiro gol do Cruzeiro tirando a camisa e mostrando para o técnico. No fim da partida, ele foi até o túnel do Flamengo e jogou sua camisa pesada de suor e água da chuva na cara do "Homão" - que era o apelido de Yustrich. “Eu precisava humilhá-lo como ele fez publicamente comigo. Yustrich não é o homão, é um homem velho”, justificou. Ele ainda pediu ao repórter Michel Laurence, da revista Placar: "ponha isso na reportagem que ele vai ficar morrendo de raiva". Fontana que foi seu companheiro de zaga na Seleção e que se recuperava de uma lesão o apoiou: “Talvez eu fizesse até pior”. O lance resultou numa charge do cartunista Henfil. Numa viagem de avião para Belo Horizonte, coincidentemente, Yustrich ficou ao lado de Brito. “Tive vontade de sequestrar o avião e levá-lo a um aeroporto bem isolado, para aplicar um corretivo nele. Mas fiquei com pena. Ele estava tão apavorado que parecia uma boneca – só movia os olhos” - disse o técnico em uma entrevista a Revista Placar.
Com quatro campeões mundiais no time, Piazza, Tostão, Fontana e Brito, o Cruzeiro chegou as finais do Campeonato Brasileiro que era decidido num quadrangular, mas acabou perdendo as chances de conquistar o título numa arbitragem mal intencionada de Sebastião Rufino, contra o Fluminense, no Mineirão. Rufino seria o mesmo árbitro que prejudicaria o Cruzeiro na partida contra o Vasco, no Mineirão, pelo Brasileiro de 1974. 
No ano seguinte, para escapar da grave crise financeira que atravessava o Cruzeiro, o Cruzeiro decidiu aproveitar a presença de quatro campeões mundiais no plantel e contratou os serviços dos empresários Jorge Guttman e Samuel Ratinoff para agendar excursões ao exterior no primeiro semestre em busca de cotas em dólar. Assim, a diretoria decidiu escalar os reservas no deficitário no Campeonato Mineiro. Foi o início da era "Cruzeiro Exportação". A iniciativa sofreu resistência da Confederação Brasileira do Desporto-CBD, da Federação Mineira e dos clubes do interior que exigiram a presença do time titular do Cruzeiro no Estadual. A primeira excursão com 9 amistosos pelo Uruguai, Bolívia, Colômbia e Peru, rendeu US$ 90 mil (Cr$ 477 mil) ao clube. O valor representava quase o valor que sobrava ao clube nas rendas das partidas pelo Estadual no Mineirão. O Cruzeiro sofreu retaliações e a primeira delas partiu do presidente da Confederação Brasileira do Desporto-CBD, João Havelange, que intermediou a negociação de empréstimo de Brito ao Botafogo em troca de uma dívida do Flamengo com a CBD, em 28/2/1971. Ao se despedir de seus companheiros no Cruzeiro, Brito chorou e desabafou: "Preferia ficar no Cruzeiro". Saiu acusando o Flamengo e João Havelange de imporem sua transferência. Após a saída de Brito, a CBD continuou as retaliações. Durante a terceira excursão ao exterior, o Conselho Nacional do Desporto-CND publicou uma portaria exigindo o retorno do time ao Brasil. Caso não retornasse e disputasse o restante do Estadual com os titulares, o time seria excluído do Campeonato Brasileiro.
Como atleta do Cruzeiro, Brito disputou um amistoso pela Seleção Brasileira contra o Chile em setembro de 1970.

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