quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

DITÃO - zagueiro do Cruzeiro de 1968 que só se metia em confusão


DITÃO
. Zagueiro. Geraldo Freitas Nascimento (São Paulo, SP, 10/03/1938). Disputou 10 partidas oficiais entre 1968/69. Campeão Mineiro de 1968.
Após a saída de William no returno do Campeonato Estadual de 1967, a diretoria do Cruzeiro tentou encontrar um substituto. Por diferentes motivos as contratações causaram frustrações e a imprensa passou a tratar essa maré de azar do clube como "a maldição da camisa 2". O zagueiro Viktor não agradava e o zagueiro Eduardo contratado, no ano passado, ficou menos de um mês no clube. Então, a diretoria foi buscar Ditão no Flamengo. No entanto, foi a terceira tentativa frustrada de se achar um camisa 2.
Considerado o “homem mau” de que precisava a defesa cruzeirense, Ditão veio do Flamengo por NCr$ 70 mil, em 11/3/1968. Assinou contrato para receber salários de Ncr$ 450 mil e luvas de Ncr$ 20 mil parceladas em 20 meses. 
A trajetória de Ditão no Cruzeiro ficou marcada pelas confusões extra campo. Em 9/4/1968 envolveu-se numa briga num treino no estádio do Barro Preto. Um torcedor, o motorista Gabriel Bernardo, sacou o seu revólver e só não disparou contra Ditão, porque foi contido pelo zagueiro Procópio. Por causa do incidente, o vice-presidente Furletti tomou a decisão de só permitir a entrada de sócios do Cruzeiro nos treinos da equipe no Barro Preto. Deixou de comparecer a alguns treinos e alegava que sentia dores no pé gerando desconfiança. Acabou multado pela diretoria. Após uma partida contra Portuguesa, no Mineirão, pelo Campeonato Brasileiro, envolveu-se numa briga com um taxista que veio lhe cobrar uma dívida na porta da Toca da Raposa. No conflito quebrou o nariz do motorista e alegou ter sido ofendido de “cachorro”. Pelo incidente foi afastado da equipe pelo vice-presidente Furletti. Em 23/4/1969 levou cinco tiros do vigilante José Vasconcelos Machado. Na ocasião, Ditão havia pedido a filha do vigilante, Aracy, em casamento. Ela era ex-namorada do ex-jogador do América, Valter Balbino Silva. O pai não aceitou o romance, pois "não queria um negro na família". O caso foi tratado como racismo e provocou uma forte repercussão na imprensa mineira. Ditão sobreviveu, se recuperou e deixou o Cruzeiro indo para o CSA.

Antes de vir ao Cruzeiro, Ditão havia sido convocado para a Seleção Brasileira por engano em 1965. O outro Ditão, o do Corinthians, é que foi convocado pelo técnico Vicente Feola, mas a CBD cometeu um erro de comunicação e Ditão do Flamengo se apresentou. Erro cometido, erro mantido. Ditão permaneceu treinando até ser cortado. O Ditão verdadeiro era seu irmão e também era zagueiro. Durante os treinos preparativos, Ditão enfrentou uma acusação de estupro e estava impedido de se ausentar do país. Ele sofria um processo judicial movido por Shirlei Peçanha Pereira. O caso ocorreu no apartamento do atleta na Praça Santos Dumont, em 9/10/1965. Ditão pediu o desligamento da Seleção, mas o presidente da CBD, João Havelange, recusou e o prometeu lhe garantir toda a assistência.

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