TONINHO. Volante. Antônio Gonzaga Almeida (Teófilo Otoni, MG, 22/8/1950). Disputou partidas oficiais e marcou gols. Campeão Mineiro de 1972, 1973, 1974, 1975
Veio de Teófilo Otoni, em 1967, para o infanto-juvenil do Atlético indicado por um conselheiro do alvinegro que morava na cidade. No entanto, sabendo das qualidades do jogador, o deputado e conselheiro do Cruzeiro, Aécio Cunha (pai do ex-governador de Minas Aécio Neves) enviou dois assessores ao Hotel Taquaril, onde Toninho seria apresentado ao técnico Zequinha do Atlético. No saguão do hotel dois homens se aproximaram de Toninho dizendo que o pai dele estava no Barro Preto e que ele precisava seguir com eles. Toninho entrou no carro e os homens o deixaram no estádio do Barro Preto, onde passou a treinar no infanto-juvenil do Cruzeiro. No Juvenil sagrou-se campeão mineiro de 1968.
As primeiras oportunidades no time profissional surgiram em 1970. Em maio integrou o mistão do Cruzeiro que excursionou ao nordeste disputando amistosos. Também integrou o time reserva escalado nas 6 últimas rodadas do Campeonato Mineiro, enquanto os titulares excursionaram a Venezuela e ao Amazonas. As partidas serviram apenas para cumprir tabela, já que o time não tinha mais chances de chegar ao título. Foi aproveitado em 3 partidas da primeira fase do Campeonato Brasileiro em que o Cruzeiro foi um dos quatro finalistas.
Mistão na Taça Belo Horizonte
Em janeiro de 1971, Cruzeiro e Atlético solicitaram uma permissão da Federação Mineira para utilizarem seus aspirantes na disputa da Taça Belo Horizonte. Era segunda edição do torneio que foi criado para anteceder o Campeonato Estadual e que tinha todas as partidas disputadas em Belo Horizonte. A Federação Mineira acatou o pedido para que o Atlético focasse apenas na disputa do Torneio do Povo - criado pelo CND - e para que o Cruzeiro pudesse atender aos convites para a disputa de amistosos no exterior no período de disputa da Taça Belo Horizonte. Naquele ano, o Cruzeiro tinha em seu elenco quatro campeões mundiais de 1970 pela Seleção Brasileira (Tostão, Piazza, Fontana e Brito) e, por isso, recebia muitas propostas de empresários interessados em levar o time para amistosos em vários países com contratos que previam pagamentos em dólar. Em 1971 a moeda estadunidense valia quase 6 vezes mais do que a moeda brasileira. Sem contar que as despesas eram todas pagas pelos promotores dos amistosos. Assim, cada amistoso desse chegava a somar a parte que cabia ao clube das rendas de 8 partidas do Estadual.
O mistão do Cruzeiro terminou a disputa da Taça Belo Horizonte como 3o colocado e o volante Toninho disputou todas as 5 partidas. A taça se encerrou em março e, durante este período, os titulares fizeram 11 amistosos pelo Uruguai, Argentina, Bolívia, Colômbia e Peru. O time misto da Taça Belo Horizonte contou, em algumas partidas, com alguns nomes consagrados como o goleiro Hélio, o lateral direito Pedro Paulo e os atacantes Evaldo, Natal e Rodrigues e outros que ainda buscavam espaço no time e que se consagrariam anos depois como o zagueiro Darci Menezes, o meia Eduardo e o atacante Palhinha, além do ponta direita Gil que disputaria a Copa do Mundo de 1978, como titular da Seleção Brasileira e atendendo pela alcunha de "Búfalo Gil".
Misto Quente no Campeonato Mineiro e Cruzeiro Exportação no exterior
Após o término da Taça Belo Horizonte de 1971, o volante Toninho participou de um momento histórico do clube e do Campeonato Mineiro. As propostas vantajosas, com contratos em dólar, para o time se apresentar em outros países continuavam chegando e a diretoria cruzeirense não queria perder a oportunidade, pois tinha que fazer caixa para manter os salários dos craques do time, como Dirceu Lopes, Zé Carlos, Piazza, Fontana, Perfumo, Tostão e Raul, que eram, constantemente, cobiçados pelos clubes do eixo Rio-São Paulo. O presidente do Cruzeiro Felício Brandi reclamava do deficitário Campeonato Mineiro e decidiu escalar o mistão que disputou a Taça Belo Horizonte no Estadual. Foi uma iniciativa sem precedentes no Campeonato Mineiro que, naquela época, era um título muito valorizado. Os titulares passariam a atuar nos amistosos pelo Brasil e, principalmente, no exterior. A medida dividiu opiniões e foi recebida com protestos por parte dos clubes do interior que se viram prejudicados com a diminuição das rendas das partidas. Por outro lado, Felício Brandi se defendia e dizia que estava colaborando com o ministro da fazenda, Delfim Neto, que incentivava as exportações brasileiras e até criou o slogan "Exportar, é a libertação". Felício argumentou que o futebol era o produto do Cruzeiro e que o clube iria colaborar com a economia do país. Foi a partir daí, que o clube ganhou o apelido de "Cruzeiro Exportação" que permaneceu no linguajar da torcida cruzeirense até o final dos anos 80. O time misto realizou uma campanha surpreendente no Estadual que rendeu o apelido de "Misto Quente". Enquanto isso, os titulares disputaram 7 amistosos pela Colômbia, Costa Rica, Honduras, Guatemala, El Salvador e Panamá, além de um torneio amistoso com dois amistosos na Bahia. Toninho formou o trio de meio de campo do time misto com Spencer e Gilberto, que também haviam sido promovidos dos juvenis.
Titulares do Cruzeiro obrigados a voltar ao Brasil
Quando estava no Panamá, em 17 de abril, o Cruzeiro recebeu uma ordem do Conselho Nacional do Desporto-CND para retornar ao Brasil para disputar o Campeonato Mineiro com o time principal. O órgão, que era ligado ao governo federal, ameaçou suspender a participação do clube no Campeonato Brasileiro, caso não atendesse a ordem. Corrigidos os valores para o dólar atual, o Cruzeiro faturou 256 mil dólares nos 16 amistosos pelo exterior. Convertidos para a frágil moeda brasileira da época, seriam necessários mais do que dois estaduais inteiros para atingir esta receita. Assim, o Cruzeiro teve que cancelar à excursão que faria a Ásia e os titulares retornaram. O misto quente foi desfeito, após a 10a rodada do turno do Campeonato Mineiro - antes da rodada final contra o Atlético. Terminou a campanha na 2a colocação do Estadual, com 2 pontos atrás do líder América e 4 pontos de vantagem sobre o 3o colocado, o Atlético. Toninho continuou sendo aproveitado em algumas partidas do returno do Estadual de 1971.
A volta ao mundo em 70 dias do Cruzeiro Exportação
Neiriberto, ainda participou de outro momento histórico do Cruzeiro quando, em janeiro de 1972, o time se ausentou do Brasil por 70 dias e disputou 18 amistosos na Ásia, Oceania e América do Norte. Como a partida de estreia do Cruzeiro no Campeonato Mineiro estava marcada para 30 de março, a diretoria do clube acertou com empresários um giro pelo mundo. Sem um treino sequer, no dia que os atletas retornaram de férias, em 14 de janeiro, a delegação cruzeirense se apresentou no aeroporto da Pampulha, e embarcou para a viagem. O time só retornou no dia 19 de março com um lucro de quase um milhão no cofre. O volante Toninho participou de 5 destes amistosos.
No entanto, ao retornar ao Brasil, foi pouco aproveitado durante a disputa do Campeonato Mineiro. Disputou apenas as partidas contra o Atlético Três Corações e a Caldense na campanha do título estadual.
Bi-Campeão Mineiro e Campeão da Taça Minas Gerais
Em 1973 participou de boa parte da campanha dos títulos da Taça Minas Gerais - torneio criado naquele ano para anteceder o Estadual - e também do Campeonato Mineiro. Substituiu o titular Piazza que estava servindo a Seleção Brasileira.
Lesão no clássico
Em 1974, Toninho sofreu sua primeira lesão grave em sua trajetória pelo Cruzeiro. O clássico contra o Atlético seria a sua primeira partida naquele Brasileirão. Ele começou a partida como titular substituindo Dirceu Lopes que, na partida anterior, foi expulso pela primeira vez em sua carreira, na partida contra o Sport, em Recife. Uma expulsão tão rigorosa que o árbitro Luis Carlos Felix pediu desculpas a Dirceu quando se encontraram no aeroporto. Como a suspensão automática passou a vigorar a partir de 1973, Dirceu ficou de fora e Toninho formaria o tripé com Zé Carlos e Cândido. No entanto, uma entrada desleal do lateral esquerdo Cláudio Mineiro, ainda no primeiro tempo, fez com que Toninho não retornasse do intervalo e foi substituído por Darci. Exames após a partida constataram que Toninho havia sofrido uma ruptura parcial do ligamento do joelho. A recuperação o deixou afastado por dois meses.
Finalista do Brasileirão e Tetracampeão mineiro
A segunda fase do Campeonato Brasileiro de 1974 foi disputada, simultaneamente, com a Copa do Mundo. O Cruzeiro cedeu Piazza e Nelinho pra Seleção Brasileira e Perfumo para a Seleção da Argentina. Ainda contou com os desfalques de outros atletas que encerraram o contrato, caso do atacante Palhinha e outros por lesão. Como reserva imediato de Piazza, Toninho formou o tripé de meio de campo com Eduardo e Dirceu Lopes. O time venceu as 5 partidas da fase e classificou o Cruzeiro para o quadrangular final. Toninho voltou a substituir Piazza em várias partidas da campanha do tricampeonato estadual de 1974.
Mistão na segunda fase do Campeonato Mineiro
Em 1975, os titulares do Cruzeiro e o técnico Ilton Chaves foram convocados para a Seleção Mineira que iria representar a Seleção Brasileira na disputa da Copa América. Desta forma, o Cruzeiro foi obrigado a escalar uma equipe de reservas em toda a segunda fase do Campeonato Mineiro. Toninho integrou essa equipe formando o tripé do meio de campo com Waender e Roberto César. Desta forma contribuiu para a conquista do tetracampeonato estadual.
Em 1976, Toninho foi emprestado ao Americano (RJ), ao Vila Nova (GO) em1977 e ao Sport Recife em 1978. Retornou a Belo Horizonte em 1979 e prestes a assinar contrato com o Atlético decidiu encerrar a carreira.
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